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Liberdade de imprensaBurkina Faso

Deutsche Welle pede fim da suspensão no Burkina Faso

DW (Deutsche Welle) | AFP | Lusa
29 de abril de 2024

Burkina Faso suspendeu a página da DW e outros meios de comunicação estrangeiros após transmissão de notícias que acusavam Exército de assassinatos. Emissora alemã apela ao fim do bloqueio "o mais rapidamente possível".

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Microfone da Deutsche Welle, a emissora internacional da Alemanha
Foto: Achille Abboud/imago images

Num comunicado à imprensa, o Alto Conselho para a Comunicação (CSC), a entidade reguladora do Burkina Faso, anuncia uma "suspensão temporária" da página online da Deutsche Welle (DW).

Além da DW, as autoridades também decidiram suspender o acesso aos sites da TV5 Monde, Ouest-France, Le Monde, Apanews, The Guardian e AgenceEcofin "até novo aviso".

O bloqueio surge dois dias depois do anúncio da suspensão das rádios britânica BBC e da norte-americana Voice of America, durante um período de duas semanas.

Na origem do bloqueio está a cobertura internacional de um relatório divulgado na passada quinta-feira (25.04) pela Human Rights Watch (HRW), no qual a organização não-governamental acusava as Forças Armadas do Burkina Faso da morte de mais de 200 civis, incluindo bebés e crianças, durante dois ataques no norte do país.

"O bloqueio do site dw.com e de outros meios de comunicação social no Burkina Faso significa que a população local está a ser privada de importantes oportunidades de obter informação independente", disse hoje em comunicado a diretora de programas da DW, Nadja Scholz.

"As nossas reportagens no Burkina Faso e sobre o Burkina Faso oferecem sempre factos e perspetivas equilibradas", acrescenta Nadja Scholz, que exorta a entidade reguladora a desbloquear o acesso ao site da DW "o mais rapidamente possível".

Os programas em francês da DW continuam a estar disponíveis no Burkina Faso através das redes sociais X, Facebook e TikTok.

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Governo rejeita acusações

O governo contestou o relatório da HRW e desmentiu as "acusações infundadas". O CSC diz ter detetado "declarações categóricas e tendenciosas contra o Exército do Burkina Faso sem provas tangíveis."

"Os assassinatos de Nodin e Soro levaram à abertura de um inquérito judicial", declarou o ministro da Comunicação do Burkina Faso, Rimtalba Jean Emmanuel Ouedraogo, num comunicado divulgado no sábado (27.04).

"Enquanto este inquérito está em curso para apurar os factos e identificar os autores, a HRW foi capaz, com uma imaginação sem limites, de identificar 'os culpados' e pronunciar o seu veredito", disse ainda o ministro.

A HRW descreveu os "assassinatos em massa" como "um dos piores abusos do Exército no Burkina Faso desde 2015". A ONG denunciou ainda "uma campanha militar generalizada contra civis acusados de colaborar com grupos armados islâmicos" e alertou para o perigo de "crimes contra a humanidade".

A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) já condenou as "decisões graves e abusivas" da junta militar no poder no país. Num e-mail enviado à AFP, a organização defensora da liberdade de imprensa "recorda às autoridades que a publicação de notícias gerais sobre a situação de segurança do país não deve servir de pretexto para os piores ataques registados contra os meios de comunicação social nos últimos meses".

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